segunda-feira, 6 de abril de 2009

Pombais (Voaram e não voltaram, mas Porquê?!)

No Nordeste Transmontano concentra-se um dos núcleos mais representativos de pombais, embora existam alguns dispersos um pouco por todo o país.
Percorrendo os concelhos de Vila Flor e Torre de Moncorvo, encontra-se um grande número de pombais, pena a maior parte deles estarem em constante abandono e completa degradação.
A maioria dos pombais tem planta circular ou em ferradura, sugerindo formas arquitectónicas castrejas. As paredes são em alvenaria de pedra miúda, terra argilosa como ligante e reboco de argamassa de cal. A cobertura e de madeira apoiadas nas respectivas paredes. O acesso dos donos ao interior dos pombais faz-se por uma pequena porta de madeira. No telhado existem plataformas de entrada e saída dos pombos – saídas de voo.

Eram destinados à produção de pombos para alimentação humana e de estrume denominado por “pombinho” que era usado como fertilizante agrícola.
A partir da década de 60, a população rural emigrou, levando ao abandono de muitas práticas agrícolas tradicionais, nomeadamente o cultivo de cerais. Os agricultores progressivamente modernizaram as suas explorações, mecanizando-as, reduzindo a mão-de-obra recorrendo a agro-químicos inorgânicos importados. Face a essas mudanças drásticas os pombais viram desaparecer quase por completo a sua utilidade no contexto da economia rural. Dada a redução do cultivo cereais e pela introdução de novas práticas e técnicas culturais, tal como o fluxo demográfico humano para os meios urbanos, os pombos, perante a falta de alimento e protecção dos montes e vales, desapareceram.
Outra causa do abandono generalizado dos pombais, foi a expansão verificada na actividade cinegética após os anos 70. O grande número de caçadores, desconhecedores das tradições locais e não cumpridores da legislação da caça, levou ao abate fácil de milhares de pombos.
Assim grande quantidade de pombais tradicionais deixaram de estar povoados, deixaram de ser tratados e houve proprietários que nunca mais voltaram aos pombais. Muitos entraram em degradação pois apesar das paredes rudes e de construção sólida, estes têm no telhado o seu ponto fraco dado que a cobertura em madeira não resiste à intempérie sem os devidos cuidados.
A partir anos 90, algumas entidades responsáveis pela preservação deste tipo de património promoveram medidas de estudo e conservação. O Instituto da Conservação da Natureza, através do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), iniciou um projecto pioneiro de recuperação de pombais. Foram assim recuperados entre 1997 e 1998 os primeiros 25 pombais.
Mas apesar de algumas entidades responsáveis promoverem medidas de estudo e conservação, ainda há muitos pombais em ruínas, em constante abandono à espera de serem recuperados.

2 comentários:

Fernando Peneiras disse...

Excelente este teu trabalho sobre os pombais, pois as pessoas deixaram caír estes tesouros e hoje encontram-se a maior parte deles em ruínas. Estes temas são sempre bem vindos, por isso os meus parabéns.
Grato pela visita ao meu blogue e pelas teus comentários. Um abraço, boas fotos e excelentes reportagens.
Fernando Peneiras

Alexandrina Areias disse...

Apesar de ter adorado as fotos dos pombais, pois estão excelentes... também gostei muito do texto que os acompanha... pois desconhecia a causa do abandono dos pombais... digamos que nunca me tinha questionado sobre isso... mas as causas aqui expostas fazem todo o sentido para o abandono dos mesmos...
Era muito bom que todos estes pombais fossem recuperados... pois fazem parte do nosso património e são muito bonitos!
Boa semana!
Cumprimentos,

AA